quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Respira, inspira

Depois que a gente tem um bebê, parece que o mundo está 100% do tempo conspirando contra você. As suas amigas não entendem suas ausências. Sua família não entende por que você não segue alguns conselhos. Se você quer amamentar, parece que o mundo virou a Nestlé (e acredito que o contrário também seja verdade... Se você precisa dar fórmula, o mundo virou uma grande teta pra fora). No fundo, a gente se sente julgada, vigiada, criticada, e está sempre na defensiva, sim. É verdade. Mas sabe por quê? Porque estamos inseguras. Porque estamos com medo. Com muito, mas muito medo de errar. E precisamos de apoio, de colo, e de alguém que nos lembre de respirar.

quarta-feira, 19 de março de 2014

MEXEU!

Parece pum ou fome. Mas é ela... dando cambalhotas, chupando o dedo, brincando de se enrolar no cordão umbilical! Senti-la foi estranho, mas mãe tem aquela coisa de saber quando engravidou, quando a bebê mexeu, e até quando vai chover! Lá dentro, ela já gosta da drenagem que a mamãe faz pra tentar – apesar de achar que será em vão – não ficar com os pés nem o nariz naturalmente de batata inchados demais. Enquanto as mãos a-ben-ço-a-das da fisioterapeuta deslizam pela pança, ela fica lá remexendo, dançando o lepo-lepo, em forma de agradecimento. Carinho parece mesmo ser bem-vindo em qualquer estágio da vida. Enquanto isso, o papai ainda não sente nada, e fica #xatiado. A natureza já começou a mostrar que puxa sardinha pro meu lado! 

domingo, 9 de março de 2014

UM CARNAVAL DIFERENTE

Nada de barriguinha em forma de fora. A fantasia não era de princesa sexy. Pular não foi exatamente o verbo utilizado.
Em vez disso, barrigão dentro do que ainda serve. A fantasia era de mamãe da Maitê pros íntimos, mas pra quem não me conhece com certeza apostou em Rei Momo. Seguir o bloquinho no sol, subindo ladeira, não daria muito certo.
Então troquei o que já tive nos outros anos por uma festa de carnaval indoor, onde os integrantes só falavam de fraldas, parto e amamentação. Quase todos com o abadá cheirando a leite azedo.
É em momentos assim que duas coisas instantaneamente acontecem:
1- você olha ao redor e tem a certeza de que era isso que sonhava
2- você olha ao redor e se assusta... Muito.
Mas ao chegar em casa, cansada e com ressaca de tanto suco de uva que tomei, passei a mão na barriga do Rei Momo aqui e planejei o carnaval do ano que vem, com minha filha nos meus braços, vestida de princesinha sexy da mamãe!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Pra não explodir um bebê

Ainda faltam alguns meses para acabar meu maldito retorno de Saturno. Durante ele, já destruí construções, construí tudo de novo e estou esperando um bebê. Mudanças e reviravoltas da vida pessoal, que eu pude conquistar com minhas batalhas. Tudo mérito meu, obrigada. 
O engraçado é o quanto minha vida profissional 'trabalha' na contra-mão disso tudo. Sem reviravoltas, sem novidades mágicas... Trocentas batalhas sem conquista nenhuma. É um estar na melhor fase da vida, estando na pior fase da vida. Porque a vida é dividida entre dentro e fora das divisórias.
Tá bom, gerações passadas... Eu quero mais, não me conformo com pouco, sou impaciente e bla bla bla. Ok, eu tenho estabilidade, ganho pra pagar as contas. Nisso vocês estão certos. 
Mas... Eu sei que posso mais. Eu vivo isso. Eu me moldo, eu me mudo, eu mudo ares, eu trilho o caminho mais florido e feliz por opção, por mais dolorido e árduo e por mais que passe noites sem dormir, ou que eu chore, ou que me canse. Por que não consigo fazer o mesmo no profissional? E o mais angustiante de tudo é que preciso desta miséria diária que me é dada - a oportunidade de não ser mandada embora - pra sobreviver e continuar com as batalhas e conquistas que só condizem a mim, que não dependem de autorizações nem de ninguém que não me ame e que só me ature porque sou uma profissional mediana, que faria pouca falta, mas falta suficiente pra dar preguiça de contratar alguém pro meu lugar. 
O que me faz faltar o ar é que não me aceito mediana. Tudo o que transformei foi por intensidade, por querer ser cada dia melhor. Duro como na vida a gente tem que vestir máscaras até por imposição. Se me tratam como mediana, mediana serei. Máscara nojenta que uso pra não surtar.
Só foco energias para que Deus - ou seja lá para quem ou o quê - me permita não ser mediana comigo mesma, com a minha vida fora das divisórias. Alguma rédia tenho que ter em mãos. E, juro, prefiro as que tenho. Quem tem as outras, não as sabe comandar, infelizmente. Mas, quem sou eu pra julgar? Sou só um burro de carga...

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Bom dia, nenêm!

Quando criança, eu e meu irmão (depois de muita insistência) ganhamos uma cachorrinha de estimação. A felicidade era tanta, que eu queria dormir com ela. Como minha mãe não deixava, assim que eu abria os olhos pela manhã, lembrava que tinha aquela criaturinha em casa e o meu coração batia mais forte. Saltava então correndo da cama, sem pensar em mais cinco minutinhos nem em escovar os dentes, e ia brincar com ela. Todas as manhãs eram assim. A felicidade em saber apenas que ela existia e que estava ali ao meu alcance.
Desde que descobri que estou grávida, voltei a me sentir assim. Todas as manhãs, sem preguiça, acordo e passo a mão na minha barriga. A felicidade em saber que tenho um bebê aqui dentro. Não só um bebê, na verdade, mas uma mudança de vida, do conceito de amor, de família... 
Muita coisa já mudou. A minha barriga agora ganha 'bom dia' todos os dias, por exemplo! Sábado é um dia esperadíssimo porque é dia de leitura sobre o que muda na virada da semanal gestacional. Passei a ficar feliz por coisas muito pequenas, irritada com coisas menores ainda. Tudo está meio que ao contrário. Pra ter ideia, explodo de alegria quando vomito ou quando minhas roupas não me servem mais. É a certeza de que isso tudo não é um sonho.

sábado, 3 de agosto de 2013

dançar com vocês

Para Cibele:


Estivemos juntas na pista de dança até o final de todas as festas.

Você esteve ao meu lado na minha primeira crise do primeiro namoro. Eu estive com você nos jogos das Copas Mundiais. 
Te emprestei o colo, vc me deu ouvidos. 
Dividimos confidências, somamos histórias...
Como a dos alfinetes no zíper quebrado da minha calça, a festa de Halloween com botas no armário da cozinha, a moda da maldita blusa dourada!
Fizemos e recebemos ligações de uma pra outra, na madrugada, das mais diversas categorias! Chorando de tristeza, de emoção, gargalhando, cantando "as nossas músicas", desabafando, pedindo ajuda...
Eu estive com você enquanto você se tornava uma mulher linda e forte. Enquanto tropeçava, se machucava e aprendia. Enquanto vivia.
Agora espero sua ligação avisando que minha sobrinha vai nascer. Se quiser, pode chorar! Pode pedir ajuda, desabafar, gargalhar.... Pode cantar! Mas me liga. A hora que for.
E saiba, amiga, que estarei ao seu lado - e do dela - pra sempre. Dessa pista de dança eu não saio.

sábado, 30 de junho de 2012

Me coloco no colo


Mexi no meu quartinho da bagunça. Levantei o tapete e tudo foi saindo, saindo...
Comecei a arrumação sozinha, digo com orgulho. Tive ajuda em alguns momentos, mas é sozinha que vou terminar de arrumar. (Se é que um dia ainda termino.)
Sabe o que é engraçado? Me vi frágil de início e agora me vejo tão forte. Forte porém exposta, aberta. Tá tudo aberto. E como odeio me expor. Por mais contraditório que isso pareça, já que me exponho o tempo todo.
Agora consigo enxergar quase tudo, como nunca consegui. E isso é desolador, assustador, mas não deixa de ser uma puta conquista. 
O que tava embaixo do tapete num tá na prateleira ainda não, tá é arreganhado na minha frente, gritando, latente. Chega a sangrar. Dói. E muito.
Olho pro meu passado, pros meus erros, acertos, pras minhas escolhas, pros meus eu's - tudo ali no chão - e me entendo. E me coloco no colo.
Me julgo? Sim. Me culpo? Muito, sempre. Me arrependo? Não, porque me entendo. E é quando parece simples algo tão complicado.
É justo precisar tanto. Não é justo varrer o que sobra. Não sou carente; sou carinhosa, sou afetiva, sou expansiva, sou impulsiva, meu sangue corre mais rápido que o normal porque sou vivida, sou guerreira, tenho fibra e seguro muita coisa na unha, no dente, no salto. 
Vai demorar pra colocar o coração na estante. Disso eu sei. Ele escorrega.