domingo, 17 de outubro de 2010

Manhê

Companheira...
Que, em um momento tão difícil da vida, me deu a vida.
Que levantava em plena madrugada e dava uma volta de carro no quarteirão pra me fazer dormir. E que, depois disso, saía de gatinho do quarto pra não me acordar.
Lembro bem do interruptor do quarto... Tinha desenhozinhos e era possível regular a intensidade da luz. Lembro de bonequinhas de pano bem pequenas. E de uma boneca que eu apelidei de Carequinha. Lembro quando a minha cachorrinha Princesa deu cria... E um dos filhotinhos tinha cara de macaco!
Companheira...
De me ensinar a fazer pavê de chocolate e morango, de valorizar a minha ajuda na hora de dobrar as roupas do varal. De fazer listinhas pra eu não esquecer de levar nada na hora de viajar.
Lembro de quando eu deitava no meio das pernas do meu pai no sofá. E de quando minha mãe se formou na faculdade. E eu fui na colação de grau pra aplaudi-la de pé. Ela usava uma blusa de renda branca e uma saia preta, acho.
Lembro de quando morria de medo de doendes! E dormia com ela todas as noites. Pra me fazer sentir melhor, até trocar de quarto me trocou. Fazia cafuné até eu pegar no sono, pra me mostrar que sempre teria alguém ali pronta pra me salvar.
Companheira...
De me ensinar tudo sempre, sem medo, me passando confiança e segurança. De me emprestar livros sobre sexo e drogas. De suportar minha pré adolescência dramática!
Lembro que fazíamos brigadeiro. E ela me dava a panela pra raspar. Lembro de irmos ao shopping como amigas gastadeiras.
Companheira... Forte. Que sobreviveu a tempestades horríveis.
Companheira, melhor amiga, meu cantinho, meu colo, meu alívio. Ela é tudo pra mim. Por quem daria a vida. Por quem sempre zelarei. Pra quem daria a felicidade se fosse assim tão simples. Pelo menos, para quem me esforço a dar momentos felizes. À quem me espelho. Quem admiro tanto que até dói. De quem sinto mais saudades. À quem devo lembranças de um passado tão delicioso. Com quem mais amo conversar.
É pra ela que olho pra saber como serei daqui uns anos. Isso sempre me deixou em paz com meu futuro... Serei especial e linda. Perfeita até nas imperfeições.

Mãe, feliz aniversário! Que o seu dia seja ensolarado e cheio de sorrisos. Porque são risadas iluminadas que te desejo hoje, minha maior e melhor companheira. Te amo mais!!! E como é bom ter você.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Todos temos heróis. Quando criança, bem pequena, minha heroína era a Shirra!! Tinha o castelinho, as roupinhas, as espadinhas pra guerrear. Depois, pouco maior, eram meus pais. Lembro até hoje... Em uma aula de inglês, ao ser questionada sobre meus heróis, respondi: "My mom 'cause she is so strong and beautiful. And my father 'cause he perfectly raised two families".

Hoje, adulta, não tenho mais a Shirra e seu reino. Admiro mais ainda meus pais. E tenho mais um herói: meu irmão caçula. Acho engraçado chamá-lo de caçula. Como pode ser caçula um homem tão maduro, que me protege, me dá forças, que é mais alto e mais confiante que eu??

Como é confortante tê-lo. Tadinhos dos filhos únicos! É olhando pra ele que vejo meu passado. É como se, com ele, eu não precisasse me preocupar com a falta das espadinhas pra guerrear. E é nele que deposito a certeza de nunca estar sozinha, de que lá no futuro ainda terei em quem me apoiar e sempre terei quem me apóie.

Ainda não acostumei com o fato de meu irmão não morar mais na minha casa, nem ser mais meu colega de colégio. Ele deixou de ser skatista, de ser chorão, de ser levado... Agora ele é marido! Herói de mais uma mulher e, logo, dos meus sobrinhos.

Em uma semana turbulenta, o casamento dele. Tava tudo lindo! Dava pra sentir a música do coral entrando no corpo, sabe? O choro veio fácil. Mas, pra ir embora, deu trabalho. Lágrimas de saudades do meu pai e da minha avó (que, tenho certeza, estavam presentes), de emoção, de medo, sei lá... Era um tudo! Mas a felicidade prevalecia. Felicidade em ver minha pequena família crescendo, em imaginar os próximos Natais.

Muita coisa mudou nesses 23 anos que ele completa à meia noite. Mas como é bom saber que nem tudo! Não brincamos mais de "aventura" na garagem do prédio. Nem passo mais noites vendo ele jogar vídeo-game. Mas adoro quando ele dá uma de sushiman, quando conta animado sobre o novo trabalho, quando fazemos compra de mercado juntos... Adoro ouvir sua risada.

Feliz aniversário, cabeçudo e tranqueirão! Amo você. Vou sempre estar aqui... Pra te lembrar do passado, pra viver com você o presente e, pode apostar, te apoiar no futuro.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Loucura

Um dia desses tive aquela leve consciência de não ser tão normal!
Quero fugir. Escapar do diário, regrado e constante movimento... Que é estático, definido por razões que desconhecem emoções.
Desejo tocar a textura de cada linha torta que escrevo em papéis enrugados, perdidos na minha bolsa, logo amassados, esculpidos da minha alma e jogados ao destino. No qual as palavras gritam - ali intermitentes - escritas por mim, usadas contra mim.
Deixo de lado a receita dada por aquele médico. Ele desconhece os motivos da minha angústia.
Desculpa, mas não quero ser curada, não quero ser tratada!
Que minha insanidade não seja perdoada... Que seja propagada!
Vem, vem comigo...
Abraços silenciosos em dias caóticos;
Olhares puros em noites de agonia;
Te amos em meio de tempestades;
Perdões divinos para meros mortais;
Amor incondicional em tempos de loucura.

Política

Participei de um debate político outro dia. Conheci pessoas que vivem de promessas e trabalham diariamente para quebrá-las. Alfinetadas indiscretas, vozes alteradas, defesas decoradas. Almejamos uma vida melhor através de pessoas piores. Falsas ideologias e mais escândalos públicos. Educação, saúde ou segurança entram na lei utopia.
Por isso, depois de meia hora de blablablas, meu pensamento fugiu e foi para a minha política de vida. A gente sempre anseia por melhorias, né? Então fiquei a sonhar com elas.
Tenho minhas leis. Um estatuto que permite conversas bobas. E aquele artigo que diz claramente que devo rir pelo menos sete vezes ao dia. É proibido franzir a testa.
Meu voto secreto vai pra mim. Prometo continuar com as presepadas e pagações de mico à torto e à direita. Não vai dar pra formar um caixa dois não (hehe), mas terei sempre crédito! Espero fazer o que é certo. Só às vezes (já comecei mentindo) me permitir fazer coisas erradas! Mas fato é: nada será feito pela obrigação, vocês me conhecem. Será feito por impulso e romantismo!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Não aos emails!


Sim às cartas escritas à mão, em folha de almaço, com linhas azuis! Coisa que amassa, que suja, que você risca e rabisca se errar. Que você escolhe cor de tinta de caneta Bic para dar ênfases. Que você ressucita a caixa de lápis de colorir para fazer um coraçãozinho no final, junto da sua assinatura, que segue depois de "Ass:".

Ali sim os sentimentos são expressados de verdade. Ali sim pode-se ler alma, mente, coração. Porque errar, rasurar, desenhar enquanto pensa, faz parte da gente. Não faz?
Sim às cartas com letra de mão, que começam 'caligraficamente' perfeitas e terminam o maior garrancho! Ou com letra de forma mesmo, coisa que remete à EMEI, aos desenhos com aquarela e giz de cera.
Será que ninguém se dá conta do quanto os emails separaram as pessoas? Tudo bem, é algo bem mais ágil e você consegue comunicação global. Já conheço o discurso. Mas... onde foram parar os cartões postais? Os papéis de carta? Os selinhos de envelope? Não era tudo mais humano? Não era tudo mais romântico? Não tinha mais temperatura? Mais sabor?
Sim à confecção de uma caixinha de lembranças! Porque "itens enviados" e "meus documentos" não me parecem guardar as memórias da forma que elas merecem ser guardadas. Uma caixinha embrulhada com papel de presente e durex, com um laço, funda, com cartas, cartões, entradas de cinema, fotos instantâneas (daquelas que você tem que entrar em uma cabininha e colocar uma moeda), frascos de perfumes terminados, caixinha de alianças...
A gente pode balancear a história e combinar um meio termo... o email fica para o trabalho e assuntos simples e urgentes. As cartas escritas à mão, que causam aquele calinho no dedo do meio, ficam para os sentimentos. Porque amor e amizade causam calinhos. Pode ser assim então, mundo virtual?

terça-feira, 1 de junho de 2010

Marley!




No fundo, a gente se gosta!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Cont. Diário de uma repórter

O mês já passou da metade. E não é que o Marley me fez aprender a ser rápida e segura? Olha que ironia... agora somos amigos. E morremos de rir durante as tardes que passamos juntos. Acho que ele vai sentir saudades de mim. E eu dele.
Ainda não tenho certeza do que quero, se realmente é ser repórter de TV, mas acho que nunca saberei totalmente. Essa é a graça. Vamos seguindo...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Diário de uma repórter - A peregrinação frenética assombrada por Marley

Sou jornalista de TV há quatro anos. Comecei na rádio-escuta, passei pra estagiária do Repórter Record e hoje sou produtora do Câmera Record. Na produção de reportagens, em cima de cada pauta, me aprofundo, entendo, questiono, entrevisto... Tudo por telefone ou internet. É muito raro eu conhecer um personagem meu. Sei de toda a sua história, mas não o conheço. Isso frustra uma pessoinha atentada como eu, que não consegue ficar parada. Resumindo, a produção me fez ter vontade de ser repórter.
Sei que é difícil de acreditar, mas não é por vaidade ou vontade de aparecer. É pelos motivos acima, somados à incentivos. Incentivos mil, indicação zero. Há quase dois anos mostro interesse até por mímicas, me dedico a aprender, treinar, fazer cursos, montar portfólio. E nada!
Há umas semanas fui indicada por um amigo para cobrir férias do repórter da Rede Família, em Campinas. Concorri com outras meninas, fiz teste e passei. Não pensei duas vezes ao dizer sim e correr pra negociar com meu chefe de SP sobre horários para uma jornada dupla. Deu tudo certo. Comecei na semana passada.
Agora acordo às 5:30, faço escova e chapinha todo santo dia, pela primeira vez na vida estou terminando um rímel, minhas panturrilhas doem por causa do salto também diário, almoço ao meio dia e meia e janto por volta das dez. Nada de refeições intermediárias. Dirijo 200km por dia. Na volta de Campinas, rezo pra não dormir ao volante. Abro os vidros do carro, aumento o som do rádio. Pela manhã, resolvo problemas da minha equipe que está no Pantanal, termino a produção de um amigo que foi pra essa viagem, inicio uma nova produção. À tarde, faço no mínimo uma matéria. Entrevisto, gravo passagem, escrevo o texto, gravo o texto, acompanho a edição.
Dia 1
Vesti camisa nova. A mais bonita. Com frio na barriga, peguei minha primeira pauta. Sem foco completamente definido, tive que ler umas três vezes. Era sobre um censo do uso de bibliotecas públicas. Tive ideias bem legais. Enquanto isso, o cinegrafista - que vou chamar de Marley - pegou um balde de água fria que ele levava no bolso e jogou na minha cabeça: "deixa eu te explicar. Aqui a gente faz tudo rapidinho, sem muita coisa".
Dia 2
Próximo ao dia das mães, minha primeira pauta da tarde foi sobre a correria pra comprar o presente. Enquanto eu fazia um povo-fala (e prestem atenção para a palavra 'povo'), o Marley disse: "grava com uma pessoa só e vamos embora". Minha passagem entrou no jornal com uns 600 mil fios do meu cabelo tapando a minha cara. Dessa pauta, partimos pra uma mostra de decoração. Lá, o Marley foi meu treinador... Esportivo. Faltou cronometrar cada coisinha que eu fazia, me acelerando pra eu melhorar minha marca. Fomos embora sem completar a matéria.
Dia 3
A pauta mais consistente da semana chegara: por conta da epidemia de dengue na região, a secretaria de saúde armou um mutirão e contava com a ajuda do exército pra eliminar focos do mosquito. Depois da resposta da secretária à minha segunda pergunta, o Marley desligou a câmera - estava cansado de segurá-la no ombro. O fiz religar. Ele ficou nervosinho. Eu voltei pra casa chorando. Uma soma de TPM com nervosismo e frustração.
Dia 4
Coletiva do rei Pelé. Marley estava de bom humor, mas talvez porque eu estivesse cansada. As sintonias quase se bateram. Ele me ajudou a encontrar uma luz boa pra passagem e me deu alguns toques de entonação. Jantamos juntos e eu voltei pra casa aliviada.
Dia 5
Fazia muito calor, já era sexta, e eu não tive tempo de almoçar. Fomos gravar o desfecho sobre o rodeio de Jaguariuna. Novamente minha sintonia e a do Marley estavam quase no mesmo nível. Eu morta, ele... Um morto.
No sábado trabalhei também, em SP. Externa dos Mamonas com o Gerson. Domingo com a mami e com a sogra.
Dia 6
Começa a semana de conciliação do TRT. Essa era a pauta. No meeeio da conciliação, o assessor deixou que eu gravasse uma passagem, mas falando baixinho, pra respeitar as partes e o desembargador. Fiquei tensa com a responsa e a falta de prática em falar baixinho no tribunal (graças). Como se não bastasse, ao meu primeiro erro, o Marley desligou a câmera e pediu que eu avisasse quando estivesse 'pronta'. Discutimos. Muito.
Continua...

terça-feira, 9 de março de 2010

Errante

Sou uma tonta. Sempre fui assim. Claro que tenho aprendido constantemente a fugir das pisadas na bola e ser mais feliz, mas não tenho êxito 100% das vezes não. Nem em 50%, acho. Me magôo e, pior, megôo quem amo. E quem não vivo sem. E por que tantas "burradas"? Porque não sei lidar com minhas próprias frustrações, meus próprios traumas. Meu subconsciente - medroso e vingativo - sempre me prega peças muito duras. Foi assim em nossa ultima briga (nossa não, minha). E, mesmo sabendo que o certo é "deixar passar", precisei me explicar e me desculpar - numa tentativa de fugir do caminho mais fácil, porém covarde.

O meu maior problema é bastante clichê, mas explica muita coisa: tenho saudades do que ainda não vivi. Deixei de vivenciar momentos que todos vivenciam. Costumo dizer que já vivi o pior e que por isso tenho certeza que a fase mais obscura da minha vida já passou. Mas é mentira. Não tenho essa certeza. Sinto medo da felicidade até. Do que pode vir depois dela, para compensá-la negativamente. A vida é muito brincalhona comigo. E tem um humorzinho negro que dói.

Me desculpei pelas vezes que derramei em seu colo todas as lágrimas contidas na minha vida. Todas as vezes que depositei nele uma responsabilidade gigante sobre mim. E todas as vezes que, com puro egoísmo, descontei meus desejos não realizados. Tenho aprendido que "a vida se traduz pela reação das pessoas frente à seus desejados não alcançados" (ouvi de um amigo). E minha reação foi, por várias vezes, a pior de todas.

Então prometi mudar, mais uma vez, e ser uma pessoa melhor. Tenho que crescer. Deixar de precisar de mimos quando acerto e de castigos quando erro.

A culpa é da minha imaturidade e da minha carência estúpida. Além da necessidade infantil de me fazer superior, justamente por não ser. Me desculpei por tê-lo atingido com meus medos. E mostrei que - enquanto erro - o amor só cresce, numa proporção assustadora.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ensinando padre a rezar (literalmente)

Andei pensando (sou loira, mas às vezes penso!) muito sobre casamento. Cheguei à conclusão final de que gosto de muitas das breguices que esse "passo" contém. Mas uma coisa me irrita muito: o sermão.
"Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?"
Pouco prático, nada atual e falta muita coisa aí!
Sim, eu vou prometer ser fiel, amar e respeitar. Mas até que a morte nos separe? Tomara, né! Mas... Prefiro prometer amar até um ponto onde o respeito não corra o risco de acabar. Se é que me entendem!
Além disso, acho que outras coisinhas deveriam ser incluídas:
- Prometo ser seu amigo e companheiro, acima de tudo. Evitar situações e tentações que possam prejudicar nossa relação. Prometo não dormir fora de casa por muitas noites. Prometo não reclamar do seu jantar e sempre elogiar quando mudar a cor dos cabelos. Prometo dar apoio e conforto e suportar sua TPM sempre. Prometo te abraçar quando estiver chorando, mesmo que esteja sentindo raiva. Prometo acordar de madrugada para te dar um Resfenol quando sentir que está com febre. Fazer média com sua família e amigos quantas vezes forem necessárias. Te ouvir falar besteiras e dar risada. Não enjoar de assistir tv o dia inteiro ao seu lado. Prometo não pular fora em nossa primeira dificuldade. E nem na segunda ou terceira.
Aí sim, eu aceito!

O que mais?

Engraçado como, com o passar do tempo, seus defeitos são bem mais numerosos que as suas qualidades, né? Só o que todos fazem é apontar os detalhes que poderiam ser melhorados. E o que não se deve mudar? Não, isso nunca é mencionado.

Tudo bem. Entendo o discurso "é para o seu bem, para seu crescimento". Mas um elogio aqui, outro acolá, uma aprovaçãozinha sem observações finais... Como seria bom! Aposto que me fariam bem e ajudariam um tantão no meu crescimento, da mesma forma.
Bom... vamos à lista:

DEFEITOS
carente
ansiosa
desastrada
boca-suca
extrapolo às vezes
respondona
nem sempre respeito limites
nariz batata e braços gordinhos
nanica
meu cabelo não é liso
minha pele tem sardas
voz infantil


Ah! E sou arrogante. Tinha me esquecido.

Não, esse post não tem a intenção de pedir confetes. Por incrível que pareça, colecionar reprovações está até me fazendo bem. Tenho me conhecido melhor e aprendido a lidar com situações em que antes eu choraria. Só espero que as pessoas aos poucos se acostumem com as minhas mudanças, sem mal interpretá-las. E sem acrescentar mais defeitos à minha listinha.