sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Me engole

Tenho um quartinho da bagunça ao lado esquerdo do meu subconsciente. E é para lá, mais precisamente para baixo de um tapete que eu, com bastante lucidez, jogo os excessos das minhas necessidades. Porque a gente sabe quando precisa demais, mais do que é justo ou possível. Então é melhor varrer o que sobra. O pó fininho da insegurança se mistura aos fiapos grossos do medo, que se envolvem às cicatrizes e quase transbordam a sujeira. É, às vezes não cabe tudo. Então eu choro, eu sofro. Porque sou muito pequena frente àquele tapete. Me escondo encaixadinha embaixo da cama do quartinho, que me engole.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tudo ou nada


Tenho muita dificuldade em lidar com o meio termo. Odeio tudo o que é morno. Só tem sentido se queima ou congela. Intensa? Talvez. Inconsequente? Às vezes. Sem limites? Com certeza. E escrevo do sofá, entediada por ter torcido o pé nos saltos altos demais. Eles são sempre altos demais. E a queda segue a lógica - literal e metaforicamente.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Era uma casa...



Quanto vale meu apartamento? Valor venal nenhum caberia nessa resposta. É uma casa bem tortinha. Na sacada não cabe uma rede. Na lavanderia não tem cesto de roupas sujas. Não porque não tem roupa suja pelo apartamento, mas é que elas não caberiam em um único espaço. Mesmo assim, cada tequinho de rodapé instalado ali tem seu valor. E cada dia esse valor é "valorizado" ainda mais. É lá que tenho meus escudos. Também é onde guardo uma vida de recordações, impressa em papel foto. Lá também tenho cartas velhas de meias-palavras e meias soquetes. Deitado em frente à gaveta delas... Tem um grande amor.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Lua com saudades, por favor

Ontem a lua tava f**** em São Paulo! Me fez lembrar que sempre a quis. No sentido de querer mesmo, meter a mão, cheirar. Pedi um dia pro meu pai. Ué, eu queria. Na vertigem de seus 1.60 de altura, ele me disse que não alcançava não. Eu sugeri a escada. Ué, eu queria.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A milhão

Noiva há mais de um ano, passava longe de ser neurótica. Minha hora ia chegar.
Quem sempre amou tanto dormir - tanto que chegava a passar os pés, deitada, no colchão só pelo prazer de senti-lo -, tem insônia há três noites.
A sorte é poder contar com claros indícios de não gravidez, como a pílula em dia, tudo em dia. Porque, se fosse contar só pelos sintomas... Quem sempre amou tanto comer - tanto que chegava a ir ao cinema só pela pipoca com manteiga de lá -, agora sofre com náuseas, enjoos, não consegue mais ver revista no taxi.
Ando estranha? Não, né... Minha ansiedade sempre foi dita (por mim, em entrevistas de emprego) como meu pior defeito. É muita chegada, sabe? Tudo chegando.